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  • Foto do escritorArthur Maresca

Moça bonita, docílima


Promessa

Quando cheguei ao bar e a vi, rodeada de rostos conhecidos; quando sentei, sorrindo, depois de dar oi a todos e falando algumas dessas bobagens que a gente fala ao chegar, e os outros riem, e nos sentimos acolhidos na turma de amigos em meio a dezoito milhões de desconhecidos; não percebi o que estava para acontecer. Achei a bonita, ponto. E pensei -- no momento em que puxava a cadeira para me sentar: quem é essa moça bonita que eu não conheço, em meio aos outros rostos que conheço tanto?

Se naquele momento me perguntassem, portanto, o que eu achava da menina bonita, não iria me derreter em superlativos. Mas quando ela sorriu pela primeira vez, e as maçãs do rosto se elevaram um pouquinho, sob dois hipnotizantes olhos verdes, pensei assim: eu poderia amar essa mulher.

Trecho alterado da crônica Promessa de Antônio Prata no seu cômico livro Meio intelectual, meio de esquerda, da Editora 34

O texto acima traduz exatamente como eu me senti ao vê-la numa dessas padarias-bar da Rua Augusta. Conversamos durante algumas horas, pagamos a conta e fomos embora. Na rua, perguntei ao meu colega de quarto: "Que moça linda! Quem é ela?" Ele disse que poderia "ajudar nos esquemas" para ela ir à nossa casa um dia, poderíamos tomar um vinho e comer alguma coisa.

Fiz lasanha de cogumelo e brócolis. Não deu lá muito certo, sabe? O molho ficou meio sonso, a massa desengonçada, atrasou... Ela disse que gostou, deveria ter percebido ali que ela realmente estava do meu lado. No meio da noite um copo se estraçalha no chão e ela pede mil desculpas, dizendo que ela mesmo vai limpar. "Imagina", eu disse. Limpei e pronto. Depois, enfim, sentei-me para comer. Ela sentou-se ao meu lado. Gelei. Meu Deus, acho que ela pode estar me achando interessante. Será? Acho que sim. Por que eu sou trouxa assim? Faça alguma coisa! Vai! Ela facilitou um pouquinho, tamanho meu congelamento, a mão dela encostou na minha. Ok, agora é um sinal. Eu a beijei.

Muito além de linda, o tempo me fez descobrir que tratava-se de uma pessoa docílima, especialíssima. E merece mais que parabéns pelo seu aniversário. Torço muito para que a sua vida seja tão adorável e encantadora como é a própria Cynthia.

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